Em tempo de pandemia... vou deixar uma luz acesa...
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Teu olhar tocou
o mais profundo do meu ser.
Um pássaro em fogo
fugiu do teu corpo
e aninhou-se no meu.
Somos céu e terra.
Ar e montanha.
Somos o que sobe e desce
como as ondas bravias do oceano.
- Tu és o meu sol.
No calor abrasador das nossas almas
o luar serve de manto aos corpos que se diluem
na branca espuma do mar.
Sacudo o nevoeiro que trilha meu corpo.
Fixo o mar prateado onde apetece mergulhar
e nas suas ondas,
perigosamente vibrantes,
deixo-me embalar.
Vigilantes gaivotas
em rodopio, ousam voar,
alertas de um tempo biológico
que não pára de girar.
Cativa do som das ondas,
do mar que ouve meu canto,
embalo-me madrugada dentro
no murmúrio do fascínio
que me quer despertar.
Poema escrito em 17/09/2013
"Eu te amarei por mais mil"
da música "A Thousand Years " de Christina Perri
O sol arrastou-me para o mar. O vento fez-me deslizar na areia ainda húmida. O pensamento voou em memórias eternizadas conjugadas na dança das gaivotas que, solenes, ondulavam na crista das ondas.
A música que embala meus sentidos evoca momentos e locais.
E deixo-me levar
Um dia voltarei
à casa da minha infância,
cenário de princesas e cavaleiros,
que a minha memória perpetua.
Um dia
alguém tocará o piano
que geme a angústia
do desaparecimento
dos dedos que o acarinhavam,
invariavelmente de
Schumann a Boulez,
enquanto meus olhos
os seguiam amorosamente.
Um dia
as janelas abrir-se-ão
deixando entrar
o sol da minha emoção;
sorrirei para as
rugas do meu rosto
fecharei o espelho
da minha memória
e deixarei a casa partir.
Um dia…
Um dia
somos crianças,
irreverentes,
audazes, corajosas.
Um dia
descobrimos,
a real virtude do mundo,
ou a irrealidade das coisas
que o compõem.
E o sonho?
Onde fica o sonho
de tudo o que esperamos?
E a dor
de tudo o que perdemos?
Do que sentimos?
Importa?
Sorrimos para a dor.
Quem a vê?
Quem a sente no nosso íntimo?
Inolvidável a cicatriz aumenta.
Uma a uma.
Invisível.
A vida continua.
No espaço sideral
nada se perde.
Tudo se recria e permanece.
Ontem que já é hoje.
A infância lá longe
curva-se ao instante que
antecede o amanhã.
Somos o tempo.
A roda gira
e, nela,
todos nós.
Abraço o pássaro
que carrega nas penas
a força do vento
e transporta em si
o mistério infindável
das nuvens
e das gotas de chuva
que tecem o firmamento.
Voa pássaro
que adejas sobre as ondas
e nelas vês sereias
a cantar no imo do mar.
E ao longe
entre rios e lagos
planícies e montanhas
nas asas do tempo
não te detenhas.
Voa. Voa.
Não sei escrever poesia,
digo para comigo.
Como se escreve?- pergunto-me.
Mas se a sinto no coração.
Numa flor.
No sol a pôr-se no mar.
No canto do melro,
na minha janela.
No riso de uma criança,
ao colo de sua mãe.
Na paixão dos enamorados,
nas lágrimas dos abandonados.
No grito do pescador,
quando a rede se enche.
No grito de dor da mãe,
mas quando o filho nasce o recebe
com sorrisos de alegria e esperança.
No mal. No do mundo. Na perversidade de tantos.
Nos que querem a guerra
e, outros, a paz.
Nos homens e mulheres
que fazem da esperança
seu Hino.
Como, não posso escrever poesia?
Imagem Google
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