A invenção do Amor
Há, no mel da tua língua, uma passagem secreta para os meus prazeres.
Na ponta do meu seio, o secreto desejo penetra os meus poros
e, lentamente, percorre as tuas costas, sentindo o pulsar da
tua pele que, em êxtase, solta um frémito sussurro, enquanto
as tuas mãos cegas procuram o meu corpo, que desliza como
ondas bravias no teu.
Assim nos sentimos.
Assim nos entregamos na invenção do amor.
Há, no ardor do teu corpo, a ferocidade do mar, quando
arranhas a minha pele e os teus lábios, entre palavras
inaudíveis de sussurros, o meu corpo vêm beijar.
Soltam-se fúrias de desejo há muito quietas de prazer
e, no êxtase do momento, não há palavras por dizer.
Envoltos na seda da carícia que de nós escorre, a maciez das
minhas coxas que te envolvem, roçam o teu corpo num último
ímpeto e, sôfregos, deixamo-nos embalar
no desejo que o corpo não domina
— a paixão ali sente-se e predomina —
Assim nos entregamos, de novo, na invenção do amor.