Chuva de Letras
Fotografia de Alexander Vasilenko
Chove.
O vento sibilante entoa nas janelas fechadas mas eu sinto o meu corpo quente como nas tardes de Verão em que o vento me segredava poesias infinitas… em palavras arrojadas de significados como o desejo de uma donzela perante o seu primeiro amor.
A brincadeira das palavras acabou sem ter começado.
Palavras amenas que se cruzam numa encruzilhada desacertada de estar, afinal, no local errado.
Bendigo… bendito… o Português que me leva a acordo sem acordos, a palavras sem significados, vocabulários que se cingem, se entregam sílaba a sílaba a momentos que como o vento desaparecem por entre nuvens de chuva que lavam letra a letra a palavra mencionada e se retraem no pensamento de escrever e nada dizer.
Oh… como são pulcras as palavras partilhadas em dias de chuva, reflexo de sabedoria ou uma simples invasão de significados que a mente não lê?
E a chuva cai levando, lavando, cada palavra que desaparece no vocabulário da ilusão prenhe de se pensar o que se não lê, sem acordo, nem acórdãos…mas em Português.