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Alma Minha...

Arquivo de sonhos e memórias.

Alma Minha...

Arquivo de sonhos e memórias.

03
Ago11

Cobaia

Otília Martel

Desenho de Milo Manara

  

Entre beijos e palavras
articulei sonho

Com carícias e ternura
desfrutei paixão

Sem vaidade e muito desejo
vivi alegria e emoção

Por entre caminhares de afeição
onde a alegre gargalhada
e mãos feitas de anseios
fazem da vida a "cobaia"
de momentos inesquecíveis
indeléveis memórias
guardadas entre afagos recíprocos
pele
toque
cheiro
corpos que no entendimento da linguagem
se dão no versículo que nasce
por entre o mistério que é o amor…

Ser a voz do poema de cada história
faz de todos os sonhos prelúdio íntimo
cúmplice de muitas memórias.

E na controversa dialéctica
da natureza
eis o sentido que se adivinha da Vida…

 

26
Abr11

Coisas simples

Otília Martel

                            

Motivo de sorrir

descobriu minha alma

no piar de uma gaivota

no abrir de uma flor

no mar que me acalma

em ciência de amor

 

nas coisas simples da vida

(exultação do viver)

não mais desejar aquilo

que não possa ter

 

Do mar, música e palavras,

faço asas que me libertarão  

(confluências do sonho e realidade) 

 alegria que me invade o coração.

 

 

   Pintura de   Nicholas Hely Hutchinson

 

12
Jan11

Voa…

Otília Martel

E já estamos em 2011... como o Tempo Voa...  

 

Carlos Neto

 

 

  Voo
na fugaz lembrança
de um tempo presente.

Voa
em meus braços cobertos
de carícias leves
entre beijos de corais
e momentos breves
que não se perdem
jamais.

Voamos
na sensação primeira
de abraços incontidos
que se expressam
um a um
ilusórios
persistente
em espíritos
frementes
leves
breves
momentos
de ilusão…

Voamos
ao sabor das vogais
que hibernam no coração…

 

 

(Poema de 2008)

Fotografia de Carlos Neto

 

24
Dez10

Entremos...É Natal...

Otília Martel

 

 

 

Estrela de Natal 

Estrela de Natal - Autor desconhecido

 

 

"Para isso fomos feitos:
Para lembrar e ser lembrados..."

 

 

A voz da Mariana entoava na sala de uma forma que caía fundo no coração. Pelo menos no meu.


Conhecera-a meses antes, exactamente naquela sala e logo uma empatia nos juntou.


Não era dada a grandes conversas, nem a falar de si. Só o sorriso e o seu olhar mostravam a serenidade da sua alma.


Éramos um grupo de perto de vinte, pertencentes a um coral, alegres e barulhentos, que se juntavam à quinta-feira para ensaiar. A Mariana fazia parte dele.


Durante o mês de Dezembro os ensaios eram mais intenso com os cânticos de Natal e ainda com as recitações, que alguns gostavam e era isso que a Mariana fazia naquele momento. Lia o “Poema de Natal”, de Vinícius de Moraes com uma tal intensidade, que arrancou lágrimas de alguns olhares. E de mim.


Senti a sua falta no almoço de Natal, até porque embrulhara cuidadosamente a caixinha de música que ela olhava tão insistentemente, na montra da loja onde passávamos diariamente. Cumpríamos a tradição de todos os anos e custou-me não ter ali a Mariana.


Corri a sua casa e quando a Mãe me abriu a porta, senti de imediato um frio percorrer-me.
Nada ali, fazia lembrar que ia haver Natal…
- A Mariana está? – Perguntei um pouco timidamente.
- Sim, eu acompanho-a – e a sua voz era triste.
Só os olhos da Mariana sorriram quando entrei.
Permaneci ali calada durante breves instantes, apertando a mão que ela me estendeu.
- Trouxe-te a tua prenda, porque não me disseste que estavas doente?
- Não há nada a fazer…
e a sua voz era doce, sem qualquer rasgo de revolta.

Ficámos ali as duas, ouvindo a música que saía da caixinha… e quando, ao cair da noite nos despedimos, o Natal para mim, tinha outro significado…


Vela por todos os meninos doentes... por aqueles que têm fome e frio, que não têm onde se abrigar, que não têm um carinho, nem um sorriso…
Aí nesse local onde estás... Mariana...

 


Entremos, apressados, friorentos,
Numa gruta, no bojo de um navio,
Num presépio, num prédio, num presídio,
No prédio que amanhã for demolido...

Entremos, inseguros, mas entremos.
Entremos, e depressa, em qualquer sítio,
Porque esta noite chama-se Dezembro,
Porque sofremos, porque temos frio.

Entremos, dois a dois: somos duzentos,
Duzentos mil, doze milhões de nada.
Procuremos o rastro de uma casa,
A cave, a gruta, o sulco de uma nave...

Entremos, despojados, mas entremos.
De mãos dadas talvez o fogo nasça,
Talvez seja Natal e não Dezembro,
Talvez universal a consoada.

 


(David Mourão Ferreira in Poema “Natal e não Dezembro”)

 

 

 

Ouvir o poema na voz do Luís Gaspar  
(Desligar p.f. a música de fundo para ouvir o poema) 

 

12
Out10

Vivência

Otília Martel

 

 

Fotografia de Eduardo Rosas

 

 

 

Que dizem teus olhos da dor do mundo
ou será da tua alma?
Que palavras proferem os teus lábios?
De amor? Ou de dor?
Nessas rugas que na carne sentes
teu olhar, como um estilhaço,
permanece
(em âmago de sintonia)
entre a vida
já vivida
e a que tens
por viver.

 

 

 

 

(Poema simples inspirado na fotografia de Eduardo Rosas)

 

 

05
Out10

Entre a lama e o amor

Otília Martel

Ana Muñoz

 Pintura de Ana Muñoz

 


Despertei com vontade
de acordar o Sol
na penumbra do amanhecer.

Cansado da noite,
- a lua adormecera
no nevoeiro dos seus braços -
o sol descansou na berma
do alvorecer e na perpétua
ondulação do verde da aragem.

Através do sibilante som da folhagem
os pinheiros albergam os primeiros raios
tímidos de luz.

Velozes, partem silhuetas
por entre o verde ondulante da ramagem
onde os pássaros nos seus ninhos
já com penugem nas asas
encetam, temerosos, o caminho
que os levará, ousados, aos telhados das casas

Ao longe, um quase som de Jazz
que lembra Coltrane por entre
ondas azuis de nuvens
ávidas de palavras púrpuras,
entre lábios de sabor a mel
desperta a cidade adormecida.

Neutro o coração que não geme
a dor do desconhecido, a comoção
do sentimento partilhado ao leme da Vida.
Resiste a cidade na estreiteza de conceitos
como definição da rima interior
- entre a lama e o amor -

Enquanto debaixo de chuva e sol
houver, feridos de silêncio, crianças chorando,
velhos dormindo no cimento ou mulheres
naufragadas na palma do sonho
do seu próprio abandono,
meu coração estará em pranto
e deste mundo desiludido.

 

 

  

 

02
Set10

Momentos de Vida

Otília Martel

(Imagem de Haleh Bryan)

 

 

Na minha face há a serenidade

de dias calmos baloiçando ao vento

entre o mar e as gaivotas

que pululam o firmamento.

 

Nos meus braços há a ternura de sentimentos

partilhados dia a dia

na lembrança de um amor

vinculado e relembrado que,

 

na  encruzilhada do tempo,

entre sonhos e  memórias,

vive gravado na areia da nossa praia secreta,

escultura sólida,

onde escrevo o alvorecer do amanhã

que comigo permanece

na lhaneza da Vida.

30
Ago10

Olhos de chuva

Otília Martel

 (Imagem de Andrew Sankey)

 

 

 Quando em mim

o céu se faz nuvem

o mar

voz dos barcos que partem do cais

 

e as estrelas do firmamento

velas flutuando

ao sabor das marés

 

meus olhos

são chuva miudinha

que cai

embalando as ondas

 uma a uma

 na praia dos meus sonhos

e se espraiam a meu pés.

 

 

27
Ago10

Tempo

Otília Martel

Imagem de Igor Zenin

 

 

 Houve um tempo

que os meus olhos sorriam,

o meu coração rejubilava

a cada palavra que de ti vinha

e eu acreditava.

 

Houve um tempo

que a tua voz era cetim

quando o teu amor apregoavas

sussurrando palavras doces

e aos meus ouvidos

as  murmuravas.

 

 Ah…. efémeros tempos!

A ingenuidade de acreditar que só

a mim dirigias o teu escaldante sentir.

 

Houve um tempo...

 

 

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