Pingos de chuva
Gosto de sentar-me no chão ouvindo o estalar da madeira soltando faíscas, enquanto o frio nos vidros desliza como pequenas bolas brilhantes.
Nesta calma acabo o vinho do jantar enquanto mordisco o resto do queijo que a filhota trouxe.
A noite torna-se mais bela mesmo sem estrelas a brilhar.
Pingos de chuva.
Gotas frias em calor
Labaredas de corpo sedento
Música em alma presente.
Sentimentos.
Saudade. Pronuncia. Vida.
Somos
maré-cheia dos dias.
Ondas magnéticas de cor
que embaciam meus olhos
castanhos, cor da madeira.
Chama viva que aquece
o corpo que fomos
a música que sentimos
a paixão que aconteceu.
Pingos de chuva.
Ardentes.